O implante de marcapasso epicárdíco em fetos via toracotomia é um procedimento potencialmente mais seguro e eficaz para se tratar o bloqueio AV total congênito (BAVT), quando associado à hidropsia fetal e refratário ao tratamento clínico. Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar as características eletrofisiológicas de dois eletrodos epicárdicos através de novo modelo experimental de BAVT congênito induzido pela crioablação do nó AV. Foram aplicados, em 2 grupos de 6 fetos de ovelhas (80% da gestação), um eletrodo de rosqueamento (1,5 voltas) e outro de sutura epicárdica. O BAVT foi obtido em todos os fetos, não sendo observado nenhum ritmo de escape ventricular. Os limiares de estimulação foram baixos para ambos os eletrodos, com valores inferiores para o eletrodo de rosqueamento com largura de pulso abaixo de 0,9 mseg (p < 0,03). A corrente medida no limiar de voltagem com largura de pulso abaixo de 0,5 mseg foi menor para o eletrodo de rosqueamento (p < 0,048). A resistência dos 2 eletrodos medida com voltagem constante não foi estatisticamente diferente (441,8 ± 13,7 Ω para o eletrodo de rosqueamento versus 480,2 ± 59,2 Ω para o eletrodo de sutura epicárdica). Não houve diferença estatisticamente significante (p > 0,20) na amplitude da onda R dos 2 eletrodos. O slew rate foi significativamente maior para o grupo de fetos com eletrodo de rosqueamento (1,40 ± 0,2 versus 0,62 ± 0,2 V/seg. p=0,04). O método é simples e reprodutível para avaliação do marcapasso fetal, sendo que o eletrodo de rosqueamento representa a melhor opção, quando houver indicação de implante de marcapasso em fetos.
cardiologia fetal; bloqueio AV, congênito; cirurgia fetal; arritmias fetais; marcapasso fetal