OBJETIVO: Comparar a tradicional proteção miocárdica oferecida pela cardioplegia cristalóide gelada infundida na aorta associada à hipotermia sistêmica e ao pinçamento intermitente da aorta (Grupo I), à cardioplegia sangüínea normotérmica com indução pela aorta e manutenção por via retrógrada (seio coronário) associada a normotermia sistêmica. CASUÍSTICA E MÉTODOS: No período de maio de 1992 a maio de 1994, foram selecionados de forma consecutiva, não randomizada, de acordo com pré-requisitos que acrescentavam alta morbi-mortalidade à cirurgia de revascularização miocárdica (CRVM), dois grupos de 50 pacientes. Todos os pacientes selecionados apresentavam: instabilidade ou intratabilidade clínica, mais de três ramos arteriais coronários, ou tronco de coronária esquerda ocluídos, ou gravemente obstruídos e grave disfunção ventricular esquerda de etiologia isquêmica. RESULTADOS: Os grupos foram semelhantes quanto às variáveis pré-operatórias. O Grupo II teve maior média de enxertos (3,82x3,40), conseqüentemente maior tempo de pinçamento aórtico (70,74x62,6 min) e maior tempo de circulação extracorpórea (CEC) (97,50x93,86 min). O Grupo I teve maior incidência de fibrilação ventricular após despinçamento aórtico (20%x4%) p=0,032, maior necessidade de inotrópicos para sair da CEC (18%x12%) maior necessidade de assistência circulatória (14%x8%), maior incidência de infarto agudo do miocárdio (20%x12%); teve ainda menor incidência de vetilação mecânica prolongada (6%x12%), maior mortalidade imediata (12%x6%), hospitalar (14%x10%) e global (26%x16%) e maior incidência de óbitos de causas cardíacas (12%x4%). CONCLUSÃO: A comparabilidade dos grupos ficou prejudicada pela maior média de enxertos do Grupo II, conferindo maior gravidade a este grupo. Mesmo assim, os resultados deste grupo foram superiores aos do Grupo I, embora isto não tenha sido corroborado pela análise estatística. Estes resultados, associados à impressão clínica, o aprimoramento técnico e o reconhecimento das limitações do método nos obrigaram a adotá-lo como forma de proteção miocárdica neste grupo específico de pacientes.
Parada cardíaca induzida; Revascularização miocárdica; Revascularização miocárdica