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Cinco anos de experiência com a operação de Ross: o que aprendemos?

A five-year experience with the Ross operation: what have we learned?

OBJETIVO: Analisar a evolução clínica e funcional de 96 pacientes submetidos a substituição da valva aórtica por auto-enxerto pulmonar. CASUÍSTICA E MÉTODOS: De maio/95 a março/2000, 96 pacientes com média de idades de 25,4±11,4 anos foram consecutivamente submetidos a substituição da valva aórtica por auto-enxerto pulmonar. O diagnóstico pré-operatório mais comum foi de insuficiência aórtica de origem reumática e 89% encontravam-se em classe funcional II ou III. Todos realizaram ecocardiograma bidimensional com Doppler e 42 também foram submetidos a cateterismo cardíaco antes da operação. O auto-enxerto foi implantado pela técnica de substituição total da raiz aórtica em 85 casos, como cilindro intraluminal em seis e em posição subcoronariana nos demais. A reconstrução da via de saída do ventrículo direito foi feita com homoenxertos pulmonares (84) ou aórticos (12), conservados em solução nutriente com antibióticos (34) ou criopreservados (62). Antes da alta hospitalar, todos repetiram o exame ecocardiográfico e 30 foram submetidos a cateterismo cardíaco. Através deles, foi feita avaliação do desempenho hemodinâmico dos auto e homoenxertos, assim como da função e massa ventricular esquerda. No período de acompanhamento, os pacientes foram examinados e repetiram o ecocardiograma a cada seis meses. Vinte pacientes, com tempo de evolução superior a seis meses, submeteram-se a ecocardiografia de stress com dobutamina, para estudar o desempenho hemodinâmico dos auto e homoenxertos em condição de exercício. RESULTADOS: A mortalidade hospitalar foi de 6,2%. Após um tempo médio de 32,1 meses (1 - 58), 98,9% dos pacientes estão vivos. A incidência de pacientes livres de tromboembolismo, endocardite, disfunção do auto-enxerto, disfunção do homoenxerto, reoperações mitrais e de qualquer tipo de complicação após 41 meses é de 100%, 100%, 97,1%, 96,5%, 93,9% e 87,5%, respectivamente. O auto-enxerto pulmonar teve desempenho hemodinâmico fisiológico, com média de gradiente médio de 3,8±3,3 mmHg. O grau de insuficiência valvar foi negligenciável. Mesmo em condição de exercício, os gradientes não se elevaram de forma significativa, com média de gradiente médio de 6,8±3,8 mmHg. A função hemodinâmica dos homoenxertos foi excelente na fase imediata, com gradiente médio de 4,1±4,6 mmHg. Houve, entretanto, discreto aumento desses gradientes na fase tardia, com média de 13,9±10 mmHg. Durante o exercício, houve aumento significativo destes gradientes, que foram para 33,6±18,9 mmHg. Diâmetro do homoenxerto e idade do receptor tiveram correlação inversa com o gradiente pulmonar tardio. O índice de massa ventricular diminui de 180±68 g/m² no pré-operatório para 117±32 g/m² na fase tardia. A função ventricular no pós-operatório tardio foi normal tanto em repouso como em exercício na maioria dos pacientes. CONCLUSÕES: O implante do auto-enxerto pulmonar em posição aórtica pôde ser feito com baixa mortalidade imediata. A sobrevida tardia foi excelente, com baixa incidência de complicações. O desempenho hemodinâmico dos auto-enxertos pulmonares foi próximo ao fisiológico tanto em repouso como em exercício. Houve significativa regressão da massa ventricular esquerda, e, os índices de função ventricular também foram normais na fase tardia de pós-operatório. Apesar dos homoenxertos da via de saída do ventrículo direito apresentarem desempenho hemodinâmico adequado na fase imediata, o aparecimento de discretos gradientes na fase tardia foi freqüente.

Valva aórtica; Valva pulmonar; Procedimentos cirúrgicos cardíacos; Procedimentos cirúrgicos cardíacos; Implante autólogo


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