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Correlação entre a tração de afastadores e o risco de isquemia e infecção de feridas cirúrgicas: estudo experimental em ratos

Correlation between surgical retractors and risk of wound ischemia and infection: experimental study in rats

Verificou-se o grau de isquemia produzido pela tração dos afastadores, bem como determinou-se o índice de infecção nas feridas limpas e contaminadas quando submetidas a trações conhecidas e progressivas. Foram utilizados 104 ratos machos da cepa Wistar com peso entre 180 e 190 gr, sendo que 40 animais foram utilizados para a determinação da isquemia provocada por afastadores e 64 para estudo da correlação do emprego de afastadores com infecção. Para a análise da isquemia produzida por afastadores sobre a ferida cirúrgica, os 40 ratos foram divididos em 4 grupos: T0, T1, T2, T3. Para o estudo do risco de infecção produzido por afastadores sobre a ferida cirúrgica, 64 ratos foram divididos em oito grupos: C0, C1, C2, C3, L0, L1, L2 e L3. Todos animais foram submetidos a laparotomia paramediana, conservando-se íntegro o peritônio. A ferida foi então submetida a tração por afastadores. A tração empregada foi de 0Kgf nos grupos T0, L0, C0; 0,062Kgf nos grupos T1, L1 e C1; 0,125Kgf nos grupos T2, L2 e C2 e 0,25Kgf nos grupos T3, L3 e C3. Nos grupos T0, Tl, T2 e T3 injetou-se o corante azul de Evans e após 1 hora foram retirados fragmentos da ferida, com posterior extração do corante e análise espectrofotocolorimétrica, que serviu para avaliar indiretamente o grau de isquemia da ferida. Nos grupos CO, Cl, C2 eC3 foi inoculado na ferida uma solução contendo 10(5) Stafilococcus aureus l ml. As feridas nos grupos C0, C1, C2, C3, L0, L1, L2 e L3 foram suturadas e os animais sacrificados após sete dias para análise bacteriológica das amostras. Verificou-se que nos grupos T1, T2, T3 o grau de isquemia aumentou a medida que se usava maior tração, fato este comprovado pela diminuição progressiva da concentração tissular do corante azul de Evans (p<0,05). Nos animais do grupo L0, L1, L2 não houve crescimento de colônias. No grupo L3 houve crescimento em 50% das amostras (p<0,05). No grupo C1, C2, C3 houve positividade em 100% das amostras em 24hs de incubação, nos grupos CO 37,5% no mesmo período (p<0,05). Concluiu-se que o uso de tração produz importante redução no aporte sanguíneo. Em feridas limpas, os afastadores aumentam o índice de infecção quando feita trações excessivas, enquanto que em feridas contaminadas, uma pequena força de tração foi capaz de aumentar significativamente os índices de infecção.

Infecção; Isquemia; Afastadores


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