RESUMO
Objetivo:
A cistografia é um exame invasivo que apresenta potencial iatrogenia, nomeadamente infecção urinária (IU). Os estudos sobre a incidência de complicações associadas a esse exame são escassos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a incidência de IU após realização de cistografia.
Métodos:
Estudo retrospetivo por consulta dos prontuários clínicos dos doentes com idade inferior a 15 anos, seguidos em consulta nesse hospital, que realizaram cistografia (radiológica ou isotópica) entre 2009 e 2018. Admitiu-se relação de causalidade quando o diagnóstico de IU ocorreu até sete dias após a realização do exame. Foi realizada análise estatística descritiva e utilizados testes não paramétricos para avaliar possíveis fatores preditores da ocorrência de IU após cistografia.
Resultados:
Realizaram-se 531 cistografias (55% isotópicas e 45% radiológicas). A mediana de idade foi de 11,5 meses; 62% eram do sexo masculino. Todos os doentes efetuaram urocultura prévia (negativa); 50% recebiam profilaxia antibiótica (ATB) à data do exame. A indicação mais frequente foi o estudo pós-natal de hidronefrose (HN) congênita/outra malformação nefrourológica (53%), seguida do estudo da IU febril (31%). Documentou-se refluxo vesicoureteral (RVU) em 40% dos exames. Ocorreu IU após cistografia em 23 casos (incidência de 4,3%). O microrganismo mais frequente foi a E. coli (52%). Verificou-se associação entre a presença de RVU e a ocorrência de IU.
Conclusões:
A incidência de IU pós-cistografia foi relativamente baixa na amostra deste estudo. Observou-se associação entre a ocorrência de IU após cistografia e a presença de RVU. Sublinha-se a importância de uma técnica adequada de cateterização vesical e da vigilância clínica após o exame.
Palavras-chave:
Cistografia; Pielonefrite; Refluxo vesicoureteral; Pediatria