RESUMO
Objetivo:
Caraterizar o número e métodos de fechamento de canal arterial durante 16 anos numa maternidade de nível terciário.
Métodos:
Estudo retrospetivo de nascidos entre 01 de janeiro de 2003 a 31 de dezembro de 2018 submetidos a fechamento do canal arterial por métodos farmacológico, cirúrgico e/ou percutâneo. Avaliaram-se idade gestacional, sexo, peso ao nascimento, número de fechamentos por ano e método utilizado. Aferiram-se as taxas de sucesso de método farmacológico e de mortalidade e sua associação com peso ao nascer, fármaco utilizado e insucesso do fechamento.
Resultados:
Verificaram-se 47.198 recém-nascidos, 5.156 prematuros, dos quais 325 com canal arterial patente, sendo 106 com indicação para fechamento (idade gestacional mediana 27 semanas, peso <1000 g em 61%). Verificou-se diminuição do número de fechamentos ao longo dos anos, sobretudo a partir de 2010. O fechamento ocorreu em 62% após primeiro ciclo de tratamento farmacológico e em 74% após segundo. Após insucesso farmacológico, 12 realizaram ligadura cirúrgica e dois, fechamento percutâneo. Houve indicação de ligadura cirúrgica exclusiva em quatro. O ibuprofeno substituiu a indometacina em 2010. O acetaminofen foi usado em três doentes. A mortalidade nos 106 pacientes foi de 12%, associando-se ao peso ao nascer (13/65 <1000 vs. 0/41 >1000 g; p=0,002) e à falha do primeiro ciclo de tratamento farmacológico (13/27 com falha vs. 0/75 com sucesso; p<0,001).
Conclusões:
Consenso nacional de 2010 para diagnóstico e tratamento do canal arterial nos prematuros levou à diminuição do número de fechamentos desse canal. O fechamento farmacológico foi o método mais utilizado, seguido da ligadura cirúrgica. Peso <1000 g e falha no primeiro ciclo de fechamento farmacológico se associaram à maior mortalidade.
Palavras-chave:
Canal arterial persistente; Recém-nascido prematuro; Ibuprofeno; Acetaminofen; Neonatologia