Este artigo procura interpretar algumas dimensões das práticas policiais de esquadrinhamento e vigilância do espaço urbano paulistano da década de 70: as rondas. Analisa a reorganização do aparelho policial pela ideologia da segurança nacional que, centrada na tese do “inimigo interno”, transforma o cidadão em “suspeito”, discriminando especialmente o trabalhador ao qual cabe o ônus de provar que não é “bandido” ou “marginal”. Discute como a imprensa do período tende a criticar as rondas apenas pelos seus “excessos”. Aponta alguns paradoxos do “discurso da suspeita” e, entre eles, o mais escandaloso: em nome do “cidadão de bem” dissolve a cidadania.
Violência policial; violência urbana; ronda policial; vigilância policial; cidadania