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LÓGICA DO DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E LÓGICA CAMPONESA* * O presente artigo trata sobretudo da situação da família de produtores rurais que trabalham em uma economia de auto-subsistência. A palavra agricultor designa portanto nesse texto os pequenos produtores rurais tradicionais e não os agricultores mais modernos do tipo “farmer”.

Este artigo tenta estabelecer que a modernização agrícola dentro dos países do terceiro mundo acarreta enormes incompreensões sabiamente alimentadas pelas elites modernizadoras. Estas últimas justificam suas políticas e projetos de desenvolvimento agrícola por uma bela retórica sobre a situação miserável da agricultura familiar e sua sobrevivência, mas na verdade suprimem-se os trabalhadores do campo reduzidos a uma categoria residual da economia nacional. O autor propõe um quadro teórico que define as lógicas antagonísticas que são a base da organização dos trabalhadores do campo tradicionais e aquela da agricultura moderna. Ele mostra que a lógica tradicional da produção da segurança de vida a nível local não pode se casar com aquela da produção de um excedente mobilizável com vistas à acumulação a nível nacional. O pão cotidiano contra a grandeza da nação, aí está resumido ao máximo o dilema que oferece aos trabalhadores do campo tradicionais o jogo da modernização agrícola. Alguns exemplos são trazidos para ilustrar esta situação.

modernização rural; produtores rurais pobres; famílias rurais; acumulação; lógica camponesa; produção; Estado e campesinato


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