Este artigo analisa a trajetória social, intelectual e profissional de Fernando Henrique Cardoso para entender os diferentes recursos sociais e disposições pessoais utilizados em sua carreira como sociólogo e em suas atividades como especialista da política. Busca demonstrar que os capitais sociais e as disposições responsáveis pelo prestígio como pesquisador e professor de ciências sociais foram distintos dos aplicados no domínio da política, permitindo sua rápida ascensão à presidência da República. Depois de estudar suas origens familiares, focaliza seus investimentos escolares e a escolha do ofício de sociólogo, a carreira promissora sendo bloqueada pelo golpe de 1964. O exílio permitiu a extensão das atividades e o reconhecimento internacional, reinvestidos em novo concurso para a USP; o AI-5 o conduzirá à dupla condição de cientista social e de um dos líderes da frente de oposições aos militares. Por fim, analisa-se a reconversão de seus recursos sociais e pessoais na profissão política.
Sociologia; Campo político; Trajetória social; Capitais sociais; Disposições