O texto detém-se sobre um tipo particular de organização do trabalho, chamado de células de produção, aplicado em fábricas do ramo de confecção em São Paulo, focando a experiência das operárias que trabalham sob esse formato. Vários aspectos são ressaltados a partir dele, tais como o sistema de remuneração, a regulação do/pelo grupo, o treinamento e as exigências de qualificação, a flexibilidade produtiva e o significado, para o grupo operário, do deslocamento geográfico de unidades de produção. Tais aspectos aparecem como contraponto à experiência coletiva que conformou uma identidade de classe, hoje em processo de aparente decomposição. Uma das razões para isso seria o sucesso de iniciativas privativas e confinadas ao espaço da empresa, das quais as células de produção são um exemplo. A descrição pormenorizada de casos concretos pretende contribuir com alguns elementos para uma apreciação compreensiva do fenômeno e suas implicações teóricas para o debate sobre as classes sociais.
Organização do trabalho; Pós-fordismo; Classe social; Flexibilidade; Manufatura celular