Neste texto apresentamos duas modalidades de sofrimento experimentadas por adolescentes autores de ato infracional no cumprimento de medida de internação, especialmente quando colocados numa espécie de zona intermediária entre a vida e a morte. Em uma, o sofrimento torna-se ato político numa espécie de rebelião de si. Trata-se de um sofrimento-resistência em que se passa do lugar de vítima ao de testemunha. Na outra, a patologização dos adolescentes fará da experiência de sofrimento e dos corpos em luta atos cada vez mais isolados, individuais e sem potência. Trabalhamos em seguida as duas experiências de sofrimento em sua dimensão ético-política, considerando a presença na realidade brasileira de um cruzamento extremo entre mecanismos de soberania (sociedade autoritária) e de biopoder: fazer viver (os cidadãos) e fazer morrer (os inimigos), um em nome do outro. Sugerimos, por fim, a necessidade de (re)politizar a violência exercida e padecida pelos jovens como forma de desnaturalizar a violência juvenil.
Adolescente autor de ato infracional; Sofrimento; Patologização