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Bourdieu e o "pessimismo da razão"* * Este artigo integra a pesquisa "Desafios da teoria democrática numa ordem desigual", apoiada pelo CNPq. Uma versão inicial foi apresentada no XVCongreso Brasileiro de Sociologia, ocorrido em Curitiba (PR), de 26 a 29 de julho de 2011; agradeço aos participantes da mesa que a debateram. Agradeço também as críticas e sugestões de Flávia Biroli e de Regina Dalcastagnè, permanecendo, é claro, como único responsável pelos equívocos e omissões do texto.

Bourdieu and the "pessimism of reason"

Uma das críticas recorrentes à sociologia de Pierre Bourdieu é dirigida à sua ênfase nos mecanismos de reprodução das estruturas sociais, em vez da transformação. É uma crítica que está presente, em primeiro lugar, na sociologia da educação, marcada pelo impacto de sua obra em coautoria com Jean-Claude Passeron, intitulada exatamente La reproduction. Mas ela ecoa em outras áreas a que se aplica a teoria dos campos de Bourdieu, como a política. É a partir da política que pretendo demonstrar que, nas suas principais obras, Bourdieu nos fornece uma visão de mundo que é muito realista em relação à força dos mecanismos de reprodução e que, sem ser desencantada quanto aos processos de mudança, revela que eles são mais complexos e mais tingidos de elementos de manutenção do que as utopias transformadoras gostam de crer.

Bourdieu; Dominação; Reprodução; Transformação social


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