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Made in China 2025 e Industrie 4.0: a difícil transição chinesa do catching up à economia puxada pela inovação1 1 . Artigo baseado em levantamentos realizados sobre China e Alemanha para o estudo “Inovação, Manufatura Avançada e o Futuro da Indústria”, financiado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), executado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), com supervisão técnica do Observatório da Inovação e Competitividade do Instituto de Estudos Avançados da USP. A análise sobre a política chinesa baseia-se em pesquisa bibliográfica sobre o tema, cotejada com entrevistas realizadas junto à Embaixada Brasileira na China, sendo os autores gratos ao então embaixador do Brasil na China, Roberto Jaguaribe, e ao ministro Romero Maia, da Embaixada em Pequim, pelas informações inéditas colhidas junto ao governo, centros de pesquisa e visitas às empresas chinesas. Já o levantamento e a avaliação da política alemã, Industrie 4.0, foram realizados a partir de visitas a empresas, laboratórios experimentais, universidades, institutos e associações situados em várias regiões da Alemanha, muitas sugeridas pela Embaixada brasileira em Berlim. Entrevistas com o secretariado geral da plataforma, representantes do governo, lideranças empresariais, científicas e planejadores públicos permitiram a criteriosa reunião de documentos, dados e informações, realizada pelo professor da Escola Politécnica da USP Eduardo Zancul e por Guilherme Amaral, doutor pela Politécnica-USP.

Made in China 2025 and Industrie 4.0: the difficult Chinese transition from catching up to an economy driven by innovation

Resumo

Este artigo estabelece uma comparação entre os principais planos executados pelo governo chinês para elevar o patamar tecnológico de sua economia e a plataforma Industrie 4.0, patrocinada pelo governo da Alemanha. Referência mundial para países avançados e emergentes, a plataforma Industrie 4.0 prenunciou profundas transformações no universo da manufatura com impactos em todas as sociedades. Os autores indicam que na arena tecnológica, apesar de avanços enormes, a China ainda não alcançou os padrões da Alemanha e de países como os Estados Unidos e o Japão. A efetivação dos ambiciosos planos chineses, em especial do Made in China 2025, tem pela frente desafios institucionais e tecnológicos significativos, como a incerteza estrutural que permeia a economia e as preferências oficiais pelas empresas públicas e grandes corporações privadas, derivadas do estilo top down de decisão que marca a atuação do Estado chinês. Os autores argumentam que a continuidade da progressão chinesa para além do catching up depende de sua capacidade de combinar a busca de tecnologias de ruptura com a construção de um ambiente mais flexível, capaz de difundir a inovação e manter o upgrading constante da capacidade endógena de desenvolvimento de CT&I.

China; Alemanha; Manufatura avançada; Tecnologia; Políticas públicas

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