A partir de caricaturas e de textos de humor publicados nas revistas ilustradas cariocas na Primeira República - sobretudo entre 1898 e 1918 -, o artigo analisa o lugar do negro e a reatualização da ideia de "raça nacional". Discute-se em que medida o humor é capaz de evidenciar mecanismos pouco visíveis, repercutindo o preconceito racial da época e revelando ao mesmo tempo a emergência de novas tradições culturais de origem africana e estratégias de resistência. À luz da historiografia recente sobre o período, demonstra-se como também no universo caricatural se tecia uma imagem da "raça brasileira" apoiada na mestiçagem. Essa busca de uma identidade brasileira mestiça é renovada no contexto da Primeira Guerra Mundial, quando os caricaturistas insistem na representação da decadência dos países tidos como civilizados e se interrogam sobre o lugar do Brasil no mundo.
caricatura; Primeira República; negro; raça nacional; mestiçagem; pós-abolição; Revolta dos Marinheiros; Primeira Guerra Mundial