A preocupação central deste artigo é problematizar a imagem dos literatos brasileiros como grupo social distanciado dos costumes e tradições dos trabalhadores pobres sobre os quais eles escreviam na imprensa entre fins do século XIX e início do XX. Para isso, analisa-se uma tentativa de construção dessa imagem, expressa no inquérito literário publicado pelo Diário de Pernambuco no ano de 1905. Seus desdobramentos dão a ver que a autonomia da classe jornalística era dificultada por diferenças e conflitos internos nos quais tinham participação os próprios sujeitos identificados como pobres, aos quais o mundo letrado não era necessariamente estranho.
populares; trabalho; jornais; identidade; crime; cultura