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As lógicas do recrutamento político

A análise da posição social e da origem das lideranças partidárias revela que os mecanismos atuais de recrutamento político tendem a favorecer as classes superiores da sociedade, embora cada partido privilegie a ascensão de frações distintas dessas classes. As oposições entre partidos que estruturam o funcionamento do campo político mostram-se, assim, como a duplicação (por outro lado, relativamente autônoma) da estruturação interna das classes superiores. As diferenças que separam, por um lado, os dirigentes do Partido Comunista Francês (PCF) e do Partido Socialista Francês (PS) e, por outro, os da Coalizão pela República (RPR) e da União pela Democracia Francesa (UDF) são, por exemplo, fortemente marcadas pela oposição entre os polos intelectual e econômico dessas classes. Do mesmo modo, quando buscam em outros espaços, o PCF e PS recrutam sobretudo agentes que ocupam as posições inferiores-dominadas, ao passo que a UDF e a RPR privilegiam o recrutamento de agentes que se encontram nas posições superiores-dominantes. Esse jogo de homologias permite também compreender a lógica do recrutamento das classes médias e popular e formular algumas hipóteses sobre os mecanismos da influência e da representação políticas.

recrutamento político; classes sociais; partidos


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