ANO ELEIÇÕES |
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PLEITO |
PRINCIPAIS INOVAÇÕES E EVENTOS ASSOCIADOS À INTERNET |
1989: eleições para presidente da República. |
- Collor (PRN) é eleito presidente derrotando Lula (PT no segundo turno das eleições). |
- Amplo predomínio das mídias tradicionais na campanha eleitoral, especialmente da Televisão, que teve forte influência nos resultados eleitorais, no primeiro e segundo turno do pleito. |
1990: eleições gerais para os governos estaduais e senado de 27 unidades federativas. |
- Eleições para o governo relevam um início de descontentamento contra o governo Collor. O PRN, partido do presidente, não elege nenhum governador. |
- Estágio pré-web de campanha. Predomínio das mídias tradicionais e do HPEG. |
1992: eleições para prefeitos e vereadores. |
- Disputadas sob os influxos do movimento Fora Collor, a esquerda vence as eleições em várias capitais brasileiras. Excetuando São Paulo, onde Paulo Maluf (PSD) é eleito prefeito. |
- Estágio pré-web de campanha. Predomínio das mídias tradicionais e do HPEG. |
1994: eleições para presidente, 27 governos estaduais, 2/3 do Senado, 513 deputados federais e 1059 deputados estaduais |
- Primeiras experiências de uso da internet nos EUA. - FHC (PSDB) é eleito presidente ainda no primeiro turno, sob os influxos do sucesso do Plano Real. |
- Estágio pré-web de campanha. Predomínio das mídias tradicionais e sem registro de uso da internet nas eleições brasileiras. |
1996: eleições para prefeitos e vereadores |
- Prefeitos alinhados com o governo federal são vitoriosos na maioria das cidades, embora partidos de oposição como o PT tenham vencido em algumas locais importantes. |
- Estágio pré-web de campanha. Sem registro do uso da internet nas campanhas eleitorais brasileiras. - A grande novidade do pleito é adoção das urnas eletrônicas, utilizadas por um terço dos eleitores. |
1998: eleições para presidente, governos estaduais, 1/3 do senado, 513 deputados federais e deputados estaduais |
- FHC (PSDB) é reeleito presidente da República no Brasil ainda no primeiro turno das eleições. - PFL obtém a maior bancada na Câmara dos Deputados, elegendo 105 parlamentares. |
- Estágio proto-web: primeiras experiências de uso da internet nas eleições no Brasil, com sites estáticos e sem mecanismo de interatividade (STEFFEN, 2002; SILVA, 2005). - Resolução nº 20.106 do TSE começa a regulamentar o uso da internet nas campanhas eleitorais, estabelecendo várias restrições a seu uso. Propaganda pode ser feita apenas nos websites e não em outras redes. |
2000: eleições para prefeitos e vereadores |
- Ascensão dos partidos de esquerda nos pleitos municipais, crise do modelo de desenvolvimento “neoliberal” e da bancada governista do governo FHC. O PT é o grande vitorioso nas eleições municipais, elegendo vários prefeitos de oposição ao governo federal. - Marta Suplicy (PT) elege-se prefeita de São Paulo derrotando Paulo Maluf no segundo tuno. - O PMDB elege 1.260 prefeitos; o PSDB 991 e o PT elege 200. |
- Padrão web primitivo de e-campanhas. Websites pouco informativos e interativos, personalização da comunicação política e fluxos de comunicação top down (FERNANDEZ, 2005). |
2002: eleições para presidente, governos estaduais, 2/3 do senado, 513 deputados federais e deputados estaduais |
- Lula (PT) é eleito presidente da República derrotando José Serra (PSDB) no segundo turno. Ascensão de governos estaduais de centro-esquerda. - PT elege a maior bancada na Câmara dos Deputados com 91 parlamentares. |
- Estágio web primitivo de campanha eleitoral. A maioria dos candidatos à presidência usa websites de campanha, embora com poucas ferramentas de interatividade. - Destaque para o site de Lula e do Instituto Cidadania. Apesar do site primitivo, teve 1.3 milhões de acessos únicos e 13 milhões de acessos durante a campanha. |
2004: eleições para prefeitos e vereadores. |
- Esquerda ganha as eleições para prefeito em cidades importantes, como São Paulo, embora sofra o desgaste do “escândalo do mensalão”. O PMDB elege 1.059, o PSDB 870 e o PT dobra o número de prefeitos eleitos, passando de 200 para 411 prefeituras controladas pelo partido. |
- Padrão web primitivo. - Estratégias persuasivas de Raul Pont e José Fogaça (MARTINS, 2006) são as experiências estudadas em maior profundidade. Websites pouco interativos que divulgam material de campanha para os militantes mais próximos. |
2006: eleições para presidente, governos estaduais, 1/3 Senado, 513 deputados federais e 1.059 deputados estaduais. |
- Lula é reeleito na onda do crescimento econômico e o PT recupera-se do escândalo do mensalão, elegendo a segunda maior bancada na Câmara dos Deputados com 83 parlamentares. |
- Padrão web intermediário, com baixo grau de interatividade. Algumas mídias sociais como o Orkut passam a ser utilizadas, mas sem processos de discussão e deliberação muito aprofundados. |
2008: eleições para prefeitos e vereadores dos 5.567 municípios brasileiros, exceto DF. |
- Experiência de Barack Obama nos EUA. Início de um padrão pós-web, altamente mobilizador e interativo de uso das mídias sociais. - PT sofre algumas derrotas importantes em eleições municipais, tais como São Paulo, onde Gilberto Kassab (DEM) é eleitor no primeiro turno, mas aumenta o número de prefeitos eleitos em nível nacional de 411 para 557. |
- Padrão web mais avançado com experiências dialógicas. - No Brasil, destacam-se as e-campanhas de Gilberto Kassab (PFL) e Fernando Gabeira (PV) no uso da internet (BRAGA, 2010). - Uso da internet em eleições proporcionais caracteriza-se por padrões tradicionais, veiculando práticas de natureza personalista e com pouca interação com o eleitor (BRAGA, NICÓLAS & BECHER, 2013). - Primeiras experiências de participação digital on-line e de “falas cidadãs” nas eleições majoritárias. |
2010: Eleições para presidente, 27 governos estaduais, 2/3 Senado, 513 deputados federais e 1.059 estaduais |
- Dilma Rousseff (PT) eleita presidente derrotando José Serra (PSDB) no segundo turno. - Momento favorável à situação. Maioria dos governadores é reeleita e o PT elege a maior bancada na Câmara dos Deputados com 86 assentos. |
- Primeira eleição sem restrições legais ao uso das mídias sociais no Brasil, com várias experiências inovadoras. - Marina Silva (PV) utiliza intensamente a internet nos pleitos eleitorais obtendo 18% dos votos válidos. - Uso de Twitter por José Serra (PSDB) e demais candidatos. O Twitter é a ferramenta de interação preferida pelos políticos. - Padrão web avançado, com websites mais sofisticados e interativos. Experiências pós-web iniciais. - Iniciativas de controle civil on-line (SAMPAIO, 2012). - Campanha pelo aborto tem alto impacto na web contribuindo para levar a eleição presidencial para o segundo turno (RAMOS, 2012). |
2012: eleições para prefeitos e vereadores em 5.568 municípios brasileiros. |
- Vitória da situação e de partidos integrantes da base governista nas eleições. Todos os prefeitos das capitais se reelegem, exceto Luciano Ducci (PSB) em Curitiba. - O PMDB elege 1.022, o PSDB 701, e o PT 632 prefeitos. |
- Padrão web avançado e pós-web primitivo, com uso de mídias sociais com baixo grau de interatividade e baixo potencial mobilizador. - Facebook começa a ser utilizado de maneira intensa pelos candidatos para agendar temas de campanha e começam as estratégias colaborativas de campanha usando as tecnologias digitais. |
2014: Eleições para presidente, governos estaduais, 1 senador, deputados federais e estaduais. |
- Dilma Rousseff (PT) eleita presidente derrotando Aécio Neves (PSDB) por estreita margem no segundo turno. - Ascensão dos pequenos partidos de direita e fragmentação do sistema partidário. Derrota do PT e dos partidos de esquerda nas eleições proporcionais para a Câmara dos Deputados. |
- Consolidação do estágio Pós-Web de campanha com nível intermediário de interação. - Facebook torna-se a principal ferramenta de campanha e de organização do debate público na internet. - Websites se tornam menos frequentes, menos interativos e participativos, transformando-se em produtores de conteúdo a serem difundidos em mídias sociais; - O campo político conservador usa as redes digitais como importante elemento de difusão de imagens e organização política. Estudos apontam conexões entre as manifestações on-line de junho de 2013 e o voto anti-Dilma em 2014 (Silveira, 2017). - A produção de Memes passa a ocupar papel importante nas estratégias discursivas dos candidatos e conversações civis em larga escala passam a ocorrer nos espaços para “comentários” no Facebook, tanto de candidatos como de órgãos de imprensa. |
2016: Eleições para prefeitos e vereadores em 5.568 municípios brasileiros. |
- O TSE baixa várias restrições às campanhas eleitorais em virtude dos escândalos de corrupção da Lava Jato. Dentre as restrições, as que tem maior impacto na organização das campanhas eleitorais, especialmente nas campanhas digitais, são a proibição do financiamento empresarial e a redução do tempo de campanha na TV para 45 dias. - Grande derrota do PT e dos partidos de esquerda nas eleições, e forte avanço dos partidos de direita. Aparecem os “políticos gestores” com forte apelo personalista nas campanhas que se tornam menos partidarizadas. - O PMDB elege 1.038, o PSDB 803, e o PT somente 254 prefeitos. |
- Novas ferramentas de campanha como WhatsApp e Instagram são amplamente utilizadas pelos candidatos, mas o Facebook se mantem como a rede digital de maior impacto. - Os debates entre os candidatos passam a ser transmitidos on-line e em tempo real. - Maior profissionalização no uso das e-campanhas eleitorais, apesar dos menores gastos com internet. - Estágios iniciais das “campanhas midiatizadas” em nível municipal. A internet serve como ferramenta de divulgação de campanhas personalistas, de desconstrução “em tempo real” de imagens de candidatos. - Estudos levantam evidências do uso intensivo de boots para inflar presença online dos políticos, especialmente no Twitter. |