Neste ensaio trata-se dos conflitos que permearam a história da malária a partir do século XVII. Mostra que - graças à importância da malária como um dos maiores inimigos da humanidade - problemas de natureza puramente médica transpuseram os limites da medicina e interessaram distintos segmentos sociais. Em conseqüência, diferenças médicas de opinião foram transferidas para o grande público de uma maneira distorcida e ampliada. Isto deu origem a disputas partisans e apaixonadas de natureza religiosa, social, política e até racial. Desta forma, ao longo da história da malária, assistimos a uma auto-interessada manipulação dos fatos por grupos antagônicos objetivando a preservação de seus preconceitos e dogmas mais do que a solução dos problemas médicos reais da malária.