VOLTAR ao escritor peruano José María Arguedas hoje, em meio a discussões sobre a especificidade histórica e conceitual da literatura, pode permitir que vejamos com outros olhos sua defesa de uma teoria da representação em que a dicotomia fato/fetiche deixa de ter sentido. Se as narrativas transculturadoras da literatura hispano-americana de meados do século XX se ocuparam da transformação da religião em literatura, o que se vê em Arguedas é, ao contrário, a tentativa de ritualização da literatura e a defesa de algo que poderíamos chamar, talvez, de um direito a não ser literatura.
Arguedas; Conceito de literatura; Literatura latino-americana