O artigo procura discutir os impactos da crise internacional na economia brasileira, com ênfase na virtual paralisia do mercado de crédito bancário doméstico a partir de setembro de 2008. Sustenta-se que a dinâmica concorrencial bancária conduziu à emergência de práticas de alto risco, cujo potencial desestabilizador veio à tona quando da reversão das expectativas ante o agravamento da crise financeira internacional e seus efeitos-contágio sobre as economias periferias, dentre as quais o Brasil. O conservadorismo dos bancos na fase de retração foi exacerbado, no caso brasileiro, pelo prazo relativamente curto do crédito e pela existência de títulos públicos líquidos, rentáveis e de baixo risco, que permitem uma rápida recomposição dos seus portfólios. A desaceleração da atividade produtiva em decorrência da contração do crédito não foi mitigada pelo Banco Central, apegado ao seu mandato de guardião da estabilidade dos preços.
Crise sistêmica; Preferência pela liquidez; Bancos; Contração do crédito; Brasil