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Quatro tensões na saúde pública 1 1 Este artigo foi escrito a partir do Ciclo de Seminários "Filosofia, ciência e saúde pública. Quais são as alternativas práticas e críticas?", realizado no IEA/USP, particularmente da palestra apresentada em 31 out. 2012.

Este artigo examina a interação da ética, da antropologia social e da epistemologia na saúde pública. Na primeira seção do artigo, introduzimos ao amplo espectro de abordagens existentes que consideram a saúde pública como um campo político, como uma ciência e como um projeto antropológico global que levanta inúmeras questões éticas. Na segunda seção, propomos uma apresentação mais detalhada das principais questões levantadas pela saúde pública através de uma rede de quatro tensões dialéticas fundamentais. A primeira tensão concerne principalmente às dubiedades das definições de saúde e às finalidades propostas para esse campo. A segunda tensão concerne à legitimidade dos meios utilizados para chegar aos objetivos da saúde pública. A terceira tensão diz respeito ao regime de evidência e ao referencial das abordagens empregadas na saúde pública. A quarta tensão se origina nas relações de poder construídas no interior dessas práticas da saúde pública. Sugerimos que essas quatro tensões, nas quais a polarização apresenta uma variedade de formatos, relacionam-se entre si. Isso conduz à conclusão de que na saúde pública, as considerações éticas, antropológicas e epistemológicas precisam andar juntas. Para entender criticamente as questões da saúde pública, precisamos, portanto, levar em conta as íntimas interações entre as ciências, os valores e as práticas.

Ética; Saúde pública; Dialética; Bioética; Metodologia


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