No panorama recente da poesia brasileira surpeendeu o aparecimento, em 2001, do poema "Sítio", de Claudia Roquette-Pinto, poeta até então tida como intimista, metaforizante, trancada no seu mundo privado e burguês. O foco desta análise crítica é discutir como foi possível à autora formular nesse poema um estudo sobre o medo e a violência, sem abrir mão da sua imagética introspectiva e da sua experiência poética anterior, centrada numa escrita referencialmente rarefeita. A análise em detalhe do texto procura registrar a conversão da opacidade, do lacunar e da indeterminação em elementos de caracterização da violência urbana e da miséria emocional dos protegidos. Aí se entrelaçam, portanto, a atualidade do processo histórico-social brasileiro, a vulnerabilidade da poesia e as carências do sujeito poético.
Poesia brasileira contemporânea; Claudia Roquette-Pinto; Violência urbana; Imagética introspectiva; Representação