Os avanços da ciência, no campo das medicinas e da biologia, são percebidos de maneira diversa, a depender da cultura, dos valores, da religiosidade etc. No Recôncavo da Bahia, Brasil, território que, no período colonial, foi o mais importante centro comercial da província e seu maior produtor de cana de açúcar e de algodão, isso se dá emblematicamente. Nessa região, grupos populacionais, formados por descendentes de produtores rurais e agregados, com etnia branca, e por descendentes de escravos, com etnia negra, vêm, ao longo dos séculos, metamorfoseando e consolidando crenças. Desses processos resultou uma grande diversidade de crenças: de gênese cristã, catolicismo e protestantismo, de origem africana, Ilê Axé Ogunjá e Candomblé de essência nagô e Malé, de influência islâmica, e com raízes mistas, envolvendo catolicismo e religiões africanas, tipo a seita da "Boa Morte" e a Umbanda. Esse amplo espectro de religiões que convivem sem conflitos manifesta reações diferentes a práticas e condutas da ciência contemporânea. Questões como a modificação genética, o uso de células-tronco, a clonagem etc. são vistas de forma diferente, com tolerância ou resistência por parte desses sistemas de crenças. O presente trabalho se propõe a fazer uma sistematização de reações de líderes religiosos a alguns símbolos da ciência moderna.
Ciência e religião; Religiões no Recôncavo da Bahia-Brasil; Percepções da ciência por líderes religiosos