P1 |
Então, na reconstrução, havia determinadas situações em que você percebe que historicamente os matemáticos ficaram enroscados vinte anos em determinado assunto. Se os matemáticos ficaram enroscados vinte anos, é possível que no momento em que você estiver ensinando aquele conteúdo, os alunos apresentem dificuldades nele.
Aprender a técnica é importante, a técnica, o método é importante, mas só isso não basta para o ensino de matemática. É importante contextualizar e a história ajuda muito.
|
P2 |
Hoje eu percebo que para ensinar trigonometria é preciso saber muito mais do que as relações fundamentais, as funções trigonométricas. É preciso mostrar aos alunos a importância desse conhecimento, por que ele está presente até hoje nos currículos, como e por que ele se desenvolveu, qual a relação dele com outros conteúdos, etc. Isso a história me ajudou.
[…] eu procurei inicialmente identificar o que era cada palavra daquelas, seno, cosseno, dentro do contexto histórico porque a gente sabe que na matemática principalmente vem do latim, vem do árabe, vem de outras civilizações. Então eu queria entender e mostrar para o aluno o que significava cada palavra daquela referente às funções trigonométricas, mas de forma contextualizada e não apenas só a memorização dos nomes.
|
P3 |
[…] usar alguns aspectos de como foi descoberto um conceito matemático, pode facilitar o entendimento do aluno, visto que, apresentar um conceito já formalizado, pronto e acabado, pode dificultar a aprendizagem e tornar a matemática algo dogmático.
Em certos momentos, a apresentação dedutiva é extremamente necessária. Mas o que não pode ocorrer é o professor ficar só nisso, não saber contextualizar o conhecimento para seu aluno, não conseguir explicar por que aquele conhecimento é importante, em que ele contribui, por que ele surgiu, e isso quase nunca é feito.
A História da Matemática melhora isso, contribui para o professor justificar, contextualizar, dar significado a esses conteúdos.
|
P4 |
Boa parte das minhas aulas se diferenciavam dos meus colegas professores, como já te falei, mas mesmo assim elas se diferenciavam porque eu usava atividades dinâmicas, experimentos, investigações, etc. Mas ainda sentia falta de encontrar um sentido para os conteúdos, de justificar perante meus alunos por que aqueles conteúdos matemáticos eram importantes, em que contexto eles foram construídos, se os pesquisadores da época tiveram ou não dificuldades, com quais outros conhecimentos eles se relacionam, etc. Então eram dúvidas da própria matemática, quer dizer, da construção do conhecimento matemático que, às vezes, uma atividade dinâmica ou um experimento por si só não davam conta também de responder. E a história me ajudou muito nisso.
[…] eu usei apenas algumas atividades históricas, mas me chamou a atenção o fato de que essas atividades históricas conseguiram contextualizar um pouco esse conhecimento matemático e o aluno entendeu um pouco disso. Quer dizer, o contexto histórico traz algumas compreensões que não são possíveis apenas por meio de atividades experimentais.
|
P5 |
[…] começamos a perceber a importância que a história tem, principalmente quando começamos a entender melhor o desenvolvimento dos conceitos matemáticos, podendo dar uma explicação melhor para os alunos.
[…] a história pode esclarecer conceitualmente a gente e na medida em que ela nos esclarece conceitualmente, ela nos abre a possibilidade de uma reformulação do nosso exercício docente.
Um outro exemplo do que chamou a atenção foi sobre ângulos, sobre uma ideia que tem lá que fala de minuto e segundo, isso também chamou a atenção deles porque era uma curiosidade que eles relacionaram com a contagem do tempo e a medida do ângulo que era na base sessenta, então eles gostaram dessa informação, pois era um assunto que eles já conheciam, mas que foi contextualizado pela história.
|
P6 |
Hoje eu compreendo que para ensinar matemática precisa muito mais do que saber o conteúdo, o professor tem que conhecer novas estratégias de ensino, precisa compreender como seu aluno aprende e a história da matemática me mostrou algumas possibilidades.
Busquei na história esses elementos que mostrassem o contexto no qual os números complexos foram criados, qual era a necessidade disso, o que estavam pesquisando, como eles foram sistematizados, em que eram aplicados, etc.
Buscamos uma maneira de tornar esse conteúdo contextualizado historicamente e que isso facilitasse a aprendizagem dos alunos.
|