Na década de 90 ganharam uma certa amplitude notícias que retratavam mulheres, especialmente mães, nas praças e ruas reivindicando justiça. O que uniria essas mulheres seria a maternidade e a violência que as tinham separado de seus filhos, mortos ou seqüestrados. Acredito que o fato de participar de movimentos tem levado as mulheres a redefinições e transformações em sua identidade de gênero, bem como tem possibilitado construir para a maternidade outras dimensões. Assim, a noção de experiência tornou-se central em meu estudo. Foi desse modo que pude perceber a construção de uma nova representação para a figura materna. Primeiro, a partir de jornais, depois, ao entrevistar essas mães. Minha análise se voltou para o protagonismo político da mulher das classes trabalhadoras a partir do lugar que tradicionalmente ocupam na família e que, em princípio, seria destituído de uma dimensão política. Dessa forma, este escrito visa resgatar a partir das falas e das imagens destacadas por essas mulheres, o modo como a violência é sentida ao se tornar parte de suas vidas. Utilizei, para tanto, as entrevistas e os recortes de jornais por elas mesmas selecionados para fazer parte de seus álbuns de recordação. A imagem de mulheres na luta, de mães em luta foi de onde parti; e busco, nesse texto, problematizar os impactos e contradições, as continuidades e rupturas, que essa representação traz em seu bojo.
Família; Maternidade; Violência; Movimentos sociais