Neste artigo pretendo apresentar, de uma forma panorâmica, as reações apresentadas pela sociedade burguesa capitalista à classificação dada ao uso/abuso das bebidas alcoólicas como doença, ocorrida na metade do século passado. Utilizando principalmente fontes primárias, o artigo visa resgatar a história da "doentificação" de um costume popular, a partir da mudança dos padrões sociais, políticos e econômicos estabelecidos desde o fim do século XVIII. Ao centrar o enfoque no Brasil tenciono analisar, também, a influência que a medicina - e os médicos, em especial - teve na consolidação dessa nova ordem em nosso País. Evidenciando-se como uma incursão general izante ao tema, o artigo busca relacionar atitudes e aspectos relevantes em outras sociedades, com os movimentos estabelecidos no Brasil, no sentido de coibir o consumo de bebidas alcoólicas, com destaque para a aguardente - conhecida popularmente como "parati". Este ensaio está balizado cronologicamente entre a metade do século passado e a segunda década do século atual tendo, todavia, ampliado algumas observações para além desse período.