A biomedicina surge como conseqüência das mudanças na visão de mundo ocorridas nos séculos XVI e XVII, que deram lugar a uma explicação mecanicista do mundo e a uma visão dualista do homem. Esta visão dualista, na qual se funda a biomedicina, permite-nos afirmar que a "prática biomédica" se estrutura ao redor do que nomeamos tensão estruturante, entre os domínios do saber (associado ao racional e ao científico) e do sentir (associado ao emocional e ao psicológico). Com o objetivo de analisar como se manifesta essa tensão estruturante no processo da aprendizagem da biomedicina, realizamos uma etnografia de um pavilhão de Clínica Médica de um hospital público, centrando nossa observação nos médicos residentes, que conjugam na aprendizagem a prática médica "vivida" e a busca da excelência acadêmica.
Biomedicina; aprendizagem; subjetividade; residência médica