Este texto propõe uma reflexão teórica sobre a associação de migração, trabalho e produção de patologias na população de trabalhadores da construção civil, sob uma ótica etológica e psicanalítica. Buscamos desenvolver uma interpretação dos aspectos afetivos da subjetividade envolvida no sofrimento psíquico desses trabalhadores, em sua grande maioria migrantes. Acuados pela diferença cultural, idealizam a cultura daquele que lhes dá emprego, ainda que as condições ambientais, simbólicas e culturais do novo lugar e do novo trabalho lhes sejam desfavoráveis e hostis. Concluímos que uma revolta muda e impotente do trabalhador contra essa hostilidade psíquica vivida se expressa, por deslocamento, no sentido psicanalítico do termo, através de seu sofrimento psíquico e físico.
Migração; patologia; trabalhador da construção civil; sofrimento psíquico; psicanálise