O artigo aborda os desafios atuais encontrados no cuidado à criança com problema de saúde mental no contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Nessa perspectiva, objetivou-se compreender como se tem dado o uso do apoio matricial (AM) como ferramenta do cuidado à criança com problemas de saúde mental na Estratégia de Saúde da Família. Realizaram-se entrevistas com profissionais atuantes no trabalho de AM em saúde mental na ESF e familiares de crianças atendidas por essa forma de cuidado à saúde mental na atenção básica. Para análise das narrativas, utilizou-se a hermenêutica fenomenológica de Paul Ricoeur. Ao questionar sobre os casos de criança no apoio matricial, discutiu-se, mesmo com algumas controvérsias, a quase inexistência de atendimento a essa faixa etária. Portanto, conforme se percebeu, não somente o tema da saúde mental infantil é ainda pouco estudado, como sua população tem pouca visibilidade no âmbito da ESF. Ao mesmo tempo, a dificuldade da mãe em expor os problemas de saúde mental dos seus filhos no contexto da ESF também tem inibido o cuidado a essa população. Ademais, a pouca capacitação dos trabalhadores de saúde em saúde mental infantil constitui um obstáculo ao cuidado à infância. Assim, essas questões precisam ser discutidas e tratadas de maneira efetiva, para que, como se preconiza ao indivíduo adulto, a criança com problemas de saúde mental possa ser cuidada de maneira integral, sendo, porém, respeitadas suas diferenças de desenvolvimento e necessidades específicas.
criança; saúde mental; apoio matricial