As organizações não governamentais assumem papel essencial na prestação de serviços e apoios a trabalhadores/as do sexo (TS), mas as práticas e fundamentos teóricos e ideológicos dessas intervenções permanecem pouco conhecidos. Neste artigo apresentamos as características da intervenção das 23 instituições que dirigem serviços a TS em Portugal, com o objetivo de explicitar as diferenças e semelhanças patentes nas diversas abordagens, tendo em conta os paradigmas do trabalho sexual a que se encontram associadas. Neste estudo de natureza qualitativa, efetuamos 23 entrevistas e estabelecemos relação entre as instituições e as categorias ideológicas: opressão, empoderamento, polimorfo. Identificamos uma dimensão política em algumas e concluímos que estas categorias influem na intervenção, sendo os serviços bastante semelhantes, centrados sobretudo na redução de riscos/danos decorrentes do TS, existindo apenas duas instituições com respostas de apoio à saída da atividade. Verificamos, ainda, a necessidade de envolver a participação dos/as TS em projetos que lhes são dirigidos.
organizações não governamentais; paradigmas do trabalho sexual; prostituição; serviços de apoio