Resumo:
Este trabalho, embasado na sociolinguística crítica e na Teoria Dialógica do Discurso, analisa a ressignificação do adjetivo opressor proposta pelo movimento Marcha das Vadias. Assim, primeiramente, são discutidos dois temas polêmicos para a sociolinguística: o direito de nomear e a ressignificação voluntária. Após, verifica-se alguns aspectos da linguagem feminista, como a valorização do uso das formas femininas e o jargão enquanto ferramenta de exclusão. Por último, analisa-se a argumentação das organizadoras da Marcha sobre a apropriação consciente da adjetivação opressora (do termo “vadia”). Observa-se que tal adjetivo, quando utilizado pelas participantes da Marcha, é esvaziado de sentidos presentes em sua origem etimológica enquanto vocábulo brasileiro racista (para designar escravizados) e classista (para designar prostitutas), embora tente ressignificar o seu sentido machista, relativo à promiscuidade da mulher.
Palavras-chave:
Marcha das Vadias; nomeação; ressignificação; Sociolinguística