Resumo:
O diagnóstico “disforia de gênero”, proposto pela quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), é apresentado como uma “síndrome cultural” norte-americana, ilustrando a tendência expansionista da American Psychiatric Association (APA) em arregimentar as experiências de trânsito de gênero que escapem à matriz de inteligibilidade centrada em torno do masculino/feminino. A esse diagnóstico, forjado pelo pensamento binário estadunidense, nos moldes da chamada disease mongering, opõe-se a experiência da travesti brasileira como alteridade radical para com a matriz de inteligibilidade de gênero instituída.
Palavras-chave:
disforia de gênero; síndrome cultural; DSM-5; Disease mongering; travesti brasileira