Este artigo examina o estatuto metodológico da transformação de valores em preços. Para tanto, resgata a evolução da dialética, que se tornou método com Platão, assumiu a forma de sistema de demonstrações necessárias que partem dos princípios incondicionados alcançados através da synagoge com Aristóteles e de lógica do Espírito Absoluto com Hegel. Invertendo a dialética hegeliana, Marx concebe a dialética como a lógica da realidade objetiva reproduzida pela razão. Em particular, na dialética de O Capital, mostra como, na sequência do desdobramento da mercadoria, ponto de partida da exposição (Darstellung) do capitalismo, a transformação dos valores em preços surge necessariamente como o momento do aparecer da essência do capitalismo (o trabalho abstrato) no âmbito do fenômeno. Com os preços de produção, encerra-se a explicação racional da realidade efetiva (Wirklichtkeit), concebida como emergência da essência ao nível do fenômeno, englobando o âmbito da acidentalidade, inescapável em toda ciência empírica.
Problema da transformação; Valor-trabalho; Preços de produção; Dialética; Essência e fenômeno