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Uso e circulação de medicamentos em um bairro popular urbano na Ceilândia, DF

Medicine's use and circulation in an urban popular neighborhood in Ceilândia, DF

Nos subúrbios de Brasília, as cuidadoras da saúde doméstica são particularmente as mulheres idosas. Elas conhecem os atalhos oficiais e não oficiais no sistema de saúde, os medicamentos que cada membro da família deve tomar e os lugares onde os medicamentos são distribuídos ou podem ser comprados mais baratos. Elas também experimentam com pílulas e cápsulas - quais são fortes ou perigosas, quais precisam ser substituídas e combinadas com outros fármacos, etc. A partir de pesquisa etnográfica com moradores mais antigos do bairro da Guariroba na Ceilândia, DF, que convivem com hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, este artigo pretende discutir como redes informais de compartilhamento farmacêutico e formas locais de comunicação entre famílias, vizinhos e profissionais de saúde determinam uma compreensão mais ampla e complexa de "saúde". Alguns dados que nos apoiarão nessa discussão são as histórias de vida desses migrantes para o DF; o consumo de medicamentos como gerador de experiências corporais e sociais do adoecimento; a automedicação como prática também após o contato com a esfera biomédica. Esse artigo quis enfatizar que as opiniões técnicas e produtos emitidos pelos atores oficiais do cuidado da saúde não evitavam que uma rede muito mais ampla e criativa fosse constantemente acionada por essas mulheres entrevistadas, nem a substituíam. E que aperfeiçoar essa rede é uma demonstração pública do envolvimento e também do comprometimento destas cuidadoras com a recuperação ou, ao menos, a estabilidade do doente.

Medicamentos; Distrito Federal; Antropologia


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