Nas últimas duas décadas a utilização do termo vulnerabilidade foi expandida para diferentes campos de conhecimento e de intervenção. Neste artigo analisamos o uso da noção de vulnerabilidade no âmbito do sistema socioeducativo como um componente das relações de poder entre instituições de execução de medidas socioeducativas e jovens atendidos. Baseado em pesquisa etnográfica realizada na Região Metropolitana de São Paulo em 2009, 2010 e 2011, com a participação de 14 adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, o texto analisa o conflito entre o relatório psicológico de um jovem e sua própria interpretação ao falar sobre os mesmos aspectos de sua vida. Discute também como o jovem, intrincado diferentemente por códigos distintos, enseja em sua própria existência conflitos simbólicos que têm escapado às práticas do sistema socioeducativo. O encontro da ideia de vulnerabilidade no relatório psicológico com a perspectiva da mente como atributo de um jovem configura-se um campo de disputas simbólicas entre visões da capacidade de autorregulação do indivíduo.
Jovens; Medida socioeducativa; Etnografia; Vulnerabilidade; Mente