Objetivo
Descrever as condições de trabalho e aspectos relacionados à alimentação do trabalhador no corte manual de cana para contribuir para desenvolver políticas públicas de vigilância e atenção integral em Saúde do Trabalhador.
Métodos
Foram utilizados a observação direta do trabalho no campo em colheita no estado de São Paulo e aplicado questionário semi-estruturado a um grupo de 40 cortadores manuais de cana migrantes procedentes do estado do Ceará, durante 15 dias da safra 2007/2008. Aspectos sócio-demográficos, consumo de água, reposição eletrolítica, alimentação e aspectos culturais, pausas, dores e a jornada de trabalho foram registrados.
Resultados
Os trabalhadores ingerem de 5 a 10 litros de água/dia e a diluição dos repositores eletrolíticos foi inferior à adequada. A alimentação durante a safra não garantia a segurança alimentar e nutricional. A alimentação foi monótona, conservada e consumida em temperatura inadequada, e incompatível com os hábitos culturais, gerando desperdício e redução do consumo alimentar. Os trabalhadores relataram dores e câimbras no decorrer da jornada. As pausas para descanso foram insuficientes. O pagamento pela quantidade de produção, o processo de trabalho e as práticas de pagamento foram considerados determinantes da situação de precariedade ampla a que estes trabalhadores estavam submetidos. O trabalho no corte manual de cana é extenuante e o pagamento por produção pode ser um agravante para a saúde, pois implica na redução das pausas para descanso. A alimentação e hidratação corretas poderiam minimizar o desgaste e as dores durante o trabalho.
Condições de Trabalho; Safras; Trabalhadores Rurais; Consumo de Alimentos; Hidratação; Saúde do Trabalhador