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O som dos maracás (homenagem a Ailton Krenak): medicinas indígenas e saúde pública1 1 Devo dizer que eu gosto de títulos bonitos, mesmo que raramente os tenha feito, por conta do academicismo de então. Mas é mesmo uma homenagem. Fui convidada a participar da banca de doutorado de Nayara Scalco e Ailton era também da banca. Ele chegou com o maracá e o tocou para aquiescer o barulho reinante e poder iniciar a sua fala. Para mim, isso é mais do que um mero pedido de silêncio aos presentes: é um sinal de que algo solene e sagrado está para acontecer, um som que invoca os bons espíritos para que a fala possa ser uma “boa fala”, aquela que traz conhecimento e sabedoria. Obrigada a Nayara, a Marília Louvison (sua orientadora) e, claro, ao Ailton. Eventuais referências aos dados por mim coletados e citados neste texto (ou em menção a outros textos meus já publicados) são originárias primariamente do meu projeto de pós-doutorado financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - Processo 15.1548/2004-8 - e, posteriormente, do projeto de pesquisa em saúde indígena por mim coordenado, também financiado pelo CNPq (Processo 401240/2005-3; Registro Conep 12.545) e que contou com autorização de entrada em terra indígena pela Fundação Nacional do Índio, termo de consentimento autorizado pelo cacique local e colaboração do Instituto de Pesquisa Etno-Ambiental do Xingu e dos então alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos, Marina Pereira Novo, Antonio Guerreiro e Reginaldo Silva de Araújo.

Resumo

Durante a última década assistimos ao retrocesso paulatino das políticas públicas de atenção à saúde indígena no Brasil, principalmente no que concerne aos pilares básicos da sua formulação, construídos a partir da década de 1980: atenção específica e diferenciada, participação e controle social. Este texto, apesar de citar alguns momentos críticos desse processo, dá ensejo a algumas reflexões sobre os modos como as políticas e as práticas, essencialmente biomédicas, podem ser compreendidas no contexto mais geral das sociedades indígenas no país.

Palavras-chave:
Saúde Indígena; Políticas de Saúde; Medicinas Indígenas

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