A presença de leucócitos nos produtos hemoterápicos alogênicos transfundidos tem sido associada à ocorrência de determinadas reações transfusionais, tais como a reação transfusional febril não-hemolítica, a aloimunização e refratariedade à transfusão de plaquetas, a doença enxerto-versus-hospedeiro, e a efeitos imunomodulatórios. Além disso, os leucócitos podem ser vetores de transmissão de agentes infecciosos, tais como o CMV, o HTLV-I/II e o EBV. Tem sido postulado que a remoção dos leucócitos em hemocomponentes mediante uso de filtros leucocitários pode prevenir a ocorrência dessas reações. Entretanto, a eficácia clínica da desleucotização permanece sem definição. Tem sido sugerido que a remoção de 1 log10 de leucócitos previne a reação transfusional não-hemolítica, a remoção de 2 log10 pode prevenir a transmissão de viroses, enquanto que a remoção de > ou = 3 log10 pode ser necessária para a prevenção de aloimunização plaquetária. Entretanto, devido à carência de estudos que analisem apropriadamente as vantagens do uso clínico rotineiro dos filtros, permanecem sem completa definição quais são as reais indicações clínicas para o uso de hemocomponentes desleucotizados; quais são os graus de desleucotização necessários para prevenir as diferentes reações; e se a remoção dos leucócitos deve ser realizada antes ou após o armazenamento do hemocomponente. Dessa maneira, somente estudos clínicos prospectivos poderão definir o custo-benefício da aplicação clínica de filtros leucocitários em hemoterapia.
Hemoterapia; Reações transfusionais; Leucócitos; Filtros leucocitários