Resumo
Introdução:
Existe um longo debate a respeito das qualidades que o cidadão comum deve possuir para o bom funcionamento da democracia. O foco da literatura tem sido investigar a capacidade de os eleitores tomarem “boas decisões” nas eleições, com destaque para o papel do conhecimento político. Partindo desse debate, propomos uma ampliação do conceito de “competência política” que ultrapasse as tomadas de decisões próprias do processo eleitoral e que abarque, também, os valores democráticos. De forma mais específica, buscamos compreender qual efeito que o conhecimento político exerce sobre a adesão a diferentes princípios democráticos.
Materiais e Métodos:
Para isso, utilizamos dados do Barômetro das Américas de 2008. A medida de conhecimento factual foi obtida com perguntas como “qual o nome do presidente/líder do Congresso”, “quanto tempo dura o mandato do presidente ou primeiro ministro” etc. A medida de atitudes democráticas foi obtida com perguntas como “a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo” ou “sob algumas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a um regime democrático”, entre outras.
Resultados:
Os resultados demonstram que o conhecimento político tem um efeito positivo e estatisticamente significativo não só sobre a preferência pela democracia, como também sobre os princípios subjacentes ao regime, como o apoio às eleições livres e competitivas, a participação política, o controle e a separação dos poderes, o primado da lei e a tolerância.
Discussão:
Argumentamos que esses achados têm implicações importantes para as pesquisas sobre a relação entre conhecimento político e legitimidade democrática.
Palavras-chave:
conhecimento político; competência cívica; atitudes políticas; sofisticação política; legitimidade democrática