A prática médica contemporânea acha-se inscrita nos inflexíveis preceitos de uma ordem tecnológica. Para que esta tenha se organizado e desenvolvido, para que tenha se concretizado material e objetivamente, foi indispensável que seus produtos representassem a materialização de uma certa idéia de corpo humano e de saúde. Este artigo propõe-se a ser um estudo introdutório de certas condições de possibilidade para a construção desta ordem tecnológica na saúde. Embora tal reflexão possua, necessariamente, uma dimensão histórica, não se pretende aqui uma reconstituição factual, que celebre datas e personalidades. Seu objetivo imediato será surpreender um momento de ruptura, em que a introdução do novo conceito de movimento possibilitou uma nova concepção da fisiologia humana. Assim, mais do que uma teoria específica - a da circulação sanguínea - ou seu resultado efetivo, importará compreender o processo de aparecimento e/ou transformação dos conceitos que lhe permitiram existir.
tecnologia médica; físiologia; circulação sanguínea