Este trabalho visa apresentar parte dos desenvolvimentos de uma pesquisa sobre a construção das doenças no discurso biomédico, partindo de uma abordagem ligada à sociologia do conhecimento, aqui definida como antiessencialista. Com o intuito de demonstrar algumas das questões teórico-metodológicas apontadas, os dados da pesquisa referentes ao estabelecimento do HIV como agente etiológico da Aids, obtidos a partir da revisão de textos médicos, são analisados através do recurso a categorias de análise propostas originalmente por Foucault (formação discursiva), Latour (caixa-preta) e Kuhn (paradigma). Este estudo pretende apontar como as construções teóricas passam a ser percebidas pelos médicos como objetos naturais; como conseqüência, perde-se de vista todo o seu processo de elaboração, o que dificulta acentuadamente o exercício da crítica dos médicos sobre seu próprio saber.
Aids; formação de discurso; caixa-preta; paradigmas