A luta atual pela desinstitucionalização da loucura trouxe à tona o problema da legitimidade do saber médico-psiquiátrico e dos limites de seu poder sobre a loucura. Neste artigo, reconstroem-se alguns dos movimentos da nascente psiquiatria no Rio Grande do Sul, de 1884 a 1894, através do exame de um problema, então intensamente vivenciado e discutido pelos alienistas do Hospício São Pedro de Porto Alegre, qual seja, a admissão dos ‘loucos’ na instituição. Lançando um olhar atento sobre esse cenário, pode-se entender como se organizavam alguns dos movimentos táticos dos protagonistas do jogo, que procuravam instituir relações de poder através da conquista do espaço institucional destinado à guarda dos loucos. Tais movimentos configuram um espaço de luta do saber médico por reconhecimento e poder, que não apenas faz parte do processo de construção da psiquiatria no Rio Grande do Sul, mas que também constitui condição para compreender sua modernidade.
psiquiatria; hospício; loucura; Rio Grande do Sul