Este artigo aborda as tentativas feitas, entre 1945 e 1952, de se criar uma instituição científica na Amazônia, sobretudo a proposta do cientista Paulo Estevão de Berrêdo Carneiro de criação do Instituto Internacional da Hiléia Amazônica (IIHA), com o patrocínio da Unesco. A literatura sobre o tema enfatiza o fracasso do IIHA em decorrência da ideologia nacionalista. Evitando operar com a idéia de êxito/fracasso, sugerimos que os impasses do projeto resultaram também de visões distintas acerca do papel social da ciência no pós-guerra. É destacada ainda a importância das disputas que surgiram nos primórdios da Unesco, quando a agência recém-criada objetivava implementar política de colaboração científica no plano internacional, acima das competições. Os percalços do plano IIHA devem-se também aos frágeis vínculos entre o projeto da Unesco e a comunidade científica brasileira. Contudo, o projeto do IIHA gerou um efeito não previsto: o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Unesco; Amazônia; Instituto Internacional da Hiléia Amazônica; Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; história da ciência; comunidade científica; sociologia da ciência