Este artigo apresenta as posições sobre a clonagem do biofísico e filósofo espinosista Henri Atlan, descritas nos diferentes registros das 'racionalidades científica e mítica' - categorias estruturantes do pensamento desse autor, nas fronteiras entre ciências naturais, ciências humanas e ética. Se, do primeiro ponto de vista, a clonagem, uma vez circunscrita a suas possibilidades efetivas de ocorrência, prenuncia aplicações propícias à saúde e ao bem-estar humanos, é sob a égide do segundo que surgem interpretações simbólicas dúbias e, freqüentemente, assustadoras. Além de expor a gênese mítica desses equívocos, Atlan - em conformidade com sua linhagem não-dicotômica e otimista espinosista - posiciona-se a favor do progresso científico ao qual seria paralelo o aumento da condição humana de compreensão mais ampla de sua 'origem e destino'.
clonagem; ciência; mito; filosofia da biologia; qualidade de vida