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Pessoa e dor no Ocidente (o “holismo metodológico” na Antropologia da Saúde e Doença)* * Trabalho apresentado na Mesa Redonda 18: “Cultura, Saúde e Doença: Uma Abordagem Antropológica” da XX Reunião Brasileira de Antropologia – ABA, 1996 – Salvador.

Resumo

Este trabalho aborda questões centrais presentes em uma antropologia a respeito de fenômenos ditos da “doença” e “saúde”, que busca desconstruir a arraigada percepção de uma “naturalidade” das experiências do sofrimento, do adoecimento e de suas terapêuticas. No entanto, há toda uma produção no campo da assim chamada antropologia médica, em que o corpo volta a estar no primeiro plano, não mais apenas como organismo natural determinante, mas como ente que serve de palco ativo da experiência ou vivência dos sujeitos. Aponta-se criticamente os limites desta posição que lança mão, de fato, de uma concepção de Pessoa (como ser autônomo, singularizado, interiorizado, dependente de um corpo naturalizado, cujo conhecimento e manipulação depende dos saberes científicos especializados), concepção esta que está enraizada na ideologia central da cultura ocidental moderna, o individualismo. A proposta aqui apresentada é a da necessidade de um “culturalismo radical”, de um estranhamento simbólico radical de todas as experiências humanas, percebendo a sua inseparabilidade do horizonte integrado de cada cultura e buscando entendê-lo a partir de categorias mais estruturantes. A ciência social para ser ciência do social necessita de uma “relativa relativização” do sistema ideológico que sustenta o seu próprio projeto de ser ciência e deve buscar aproximar-se do modo pelo qual o homem se realiza no mundo.

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