Resumo
Em 1997, dez anos após o Desastre Radiológico de Goiânia, um grupo de policiais militares (PM’s) que trabalharam nas áreas contaminadas pelo césio-137 reivindicam como causa de seus distúrbios físicos e psicológicos o contato que tiveram com a radiação em 1987. Este trabalho, através das representações construídas sobre a noção de corpo contaminado e das experiências cotidianas vividas por PM’s em confronto com autoridades governamentais, militares, médicas e parlamentares, analisa a emergência do conceito de doença de radiação e a construção da noção de resistência em situação de desastre. Indo além do pressuposto foucaultiano de que a biomedicina articula formas de poder e controle sobre os corpos, suas percepções e tratamentos, eu discuto como as experiências de resistência destes policiais, através do uso simbólico do corpo, engendram novas formas de conceptualização do “corpo político”.