Para a análise das entrevistas biográficas propõe-se uma mediação com a elaboração de descrições denominadas “si mesmos”. Mediante elas provocamos a identidade narrativa que se expõe ao enunciar-se no ato discursivo. A trama do si narrado é retomado pelo nosso programa narrativo enquanto interpretantes daquele. Implicam-se questões epistemológicas e teóricas por (re)apresentar nossos entrevistados/as como particulares de base, corpo e subjetividade, e por tomar distância dos tipos ideais ou outras codificações na análise e ordenamento de textos baseados em entrevistas abertas. Nossas descrições narrativas reapropriam-se do agente em sua própria deliberação e autodesignação carregando-nos na exposição do material da duplicidade referencial e reflexiva da linguagem. A inclusão dos si mesmos transita essa duplicidade com a intenção de contribuir na perspectiva do ator mediada pela situação de interlocução. A referência identificante não é só uma designação do sujeito a si mesmo mas também uma relação de interlocução que inclui o destinatário, co-participante da semantização e da autodesignação. Resulta legítimo tematizar a partir do investigador aquela referência identificante significada desde cada objeto de estudo.