O desiderato central deste curto ensaio situa-se na análise crítica a que submeto a tendência dos estudiosos brasileiros e estrangeiros a adotarem, no exame da produção simbólica expressa nas narrativas populares em verso, o procedimento classificatório por “ciclos temáticos”. É procedimento equivocado antes de tudo na sua própria lógica interna, mas também na exigência não atendida de conhecimento extensivo do universo do corpus dessa literatura, procedimento que introduz muito mais a perspectiva de cada classificador do que o conteúdo narrativo dos materiais a que se aplica. Além disso, esvazia essa produção simbólica da dimensão histórico-cultural essencial no seu processo de produção, redundando na recorrência da mesmice. Finalmente, formulo a hipótese de trabalho segundo a qual a via de superação desse impasse reside na proposição de uma hermenêutica mais fecunda que encare esse corpus numa periodização de perfil nitidamente histórica.
ciclo temático; classificação; narrativa popular em verso; periodização histórica