Considerando que os cartões postais dotados de reproduções fotográficas começam a difundir-se em São Paulo em fins do século XIX, o objetivo deste artigo é analisar se, enquanto documentação iconográfica do contexto paulistano daquele momento, este material teria veiculado, para a sociedade da época, basicamente representações visuais de uma cidade moderna por excelência - e portanto distanciada dos referenciais culturais rurais e escravocratas originados em seu passado colonial. A fim de responder esta questão, explorei, em imagens postais da virada do século XX que tematizam o bonde nas ruas aparentemente mais modernas da área central da cidade, a relação signo-referente por meio de uma contextualização do dia-a-dia vivenciado pelos transeuntes nas ruas retratadas. O estudo revelou que a associação comumente feita entre as vistas urbanas paulistanas da virada do século e a imagem da São Paulo "moderna" não dá conta da lógica que norteia a concepção que a própria sociedade teria tido a respeito das fotografias, em seu tempo.
cartão postal; fotografia; modernidade; São Paulo; virada do século XX