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Diásporas, viagens, e alteridades: as experiências familiares dos palestinos no extremo-sul do Brasil

O "trânsito internacional" dos palestinos nos permite tratar das várias faces da experiência da diáspora. A diáspora tem sido uma categoria difundida por organizações de defesa da causa palestina que se confunde com a reivindicação de um Estado Palestino. É uma expressão que comporta um uso genérico como uma experiência "de todos os palestinos" que evadiram de um território originário. Uma outra expressão que encontro no trabalho de campo, é a diáspora referida a família "espalhada", que visita-se constantemente, entre cidades, entre países, mas que não se reúne em um único lugar, um lugar "de todos". Demonstro um dos eixos desta experiência de diáspora relacionada ao trânsito internacional. Viagens que são propostas pela família de orientação aos seus membros. A experiência pode ser vista como um momento da migração, a inserção de uma primeira geração, onde os laços familiares gradativamente vão se centrando no lugar escolhido para viver. Todavia, seja como uma característica de primeira ou segunda geração dos migrantes, as famílias são uma realidade intransponível neste trânsito, uma de suas condições sociais e nos permitem desvendar o itinerário da descoberta e da pertinência da identidade palestina para os filhos de migrantes nascidos no Brasil e ingressantes na vida adulta. Analiso como as famílias - aquelas que realizaram viagens internacionais - vivem esta experiência singular através dos relatos de seus filhos. Esta não é exatamente uma viagem de "retorno", pois nem sempre é algo a reconhecer. Aqui, saliento a viagem como uma "iniciação" dos jovens, de forma proporcionada e planejada pela família. Esta experiência tem resultado na "re-descoberta" e "recriação" da pertinência do tema da "origem comum". Longe de ser uma experiência individual, casual e disponível a qualquer um, está de acordo com uma experiência coletiva de alteridades.

diáspora; identidade étnica; imigração; palestinos


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